Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. João 5:24


domingo, 23 de junho de 2013

Como Prestar o Melhor Culto Para Deus

Texto Bíblico - Dai ao SENHOR a glória de seu nome; trazei presentes e vinde perante ele; adorai ao SENHOR na beleza da sua santidade. I Crônicas 16.29

1. CULTUAR A DEUS É UM ATO DE GLORIFICAÇÃO

* Glorifique porque Ele é digno de toda adoração - Sl 29.2 Dai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade.

* Glorifique porque Ele é autor da nossa salvação - Sl 96.2 Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; anunciai a sua salvação de dia em dia.

* Glorifique porque Ele é operador de maravilhas - I Rs 18.39 O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus!

2. CULTUAR A DEUS É UM ATO DE ADORAÇÃO

* Adoremos ao Senhor com toda fervorosidade -. Salmos 138.1 Eu te louvarei, de todo o meu coração; na presença dos deuses a ti cantarei louvores.

* Adoremos ao Senhor com toda espiritualidade – João 4.24 Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

* Adoremos ao Senhor com toda profundidade - Sl 19.14 Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR, Rocha minha e Redentor meu!

3. CULTUAR A DEUS É UM ATO DE GRATIDÃO

* Agradeça porque Ele nos carrega de benefícios - Sl 68.19 Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios; o Deus que é a nossa salvação.
* Agradeça porque Ele nos guarda com livramentos - Sl 68.20 O nosso Deus é o Deus da salvação; e a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte.

* Agradeça porque Ele cumpre as suas promessas - Tt 1.2 Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos;
 
Autor: Pastor Adilson Guilhermel

A Espiritualidade e a Transformação da Interioridade

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos céus”. Mt 5.16

Introdução
Vivemos no século das aparências. Em épocas assim, o grande desafio é manter uma espiritualidade da intimidade. Estamos vivendo um angustiante dilema: viver pela Palavra numa sociedade da imagem. Nessa geração do exterior, a distância entre a ética e a estética é muito tênue. Muitos sacrificam sua intimidade em busca da afirmação da massa popular, dos aplausos, das multidões. Essa religiosidade da superficialidade tem feito raízes secarem. Richard Foster escreveu: “A superficialidade é a maldição de nosso tempo”. Em nome dessa superficialidade, muitos morrem asfixiados sem a atmosfera da profundidade. O mesmo Richard Foster afirmou: “Na sociedade contemporânea, o nosso adversário se especializa em três coisas: ruído, pressa e multidões”.

APRENDENDO COM AS BEM ABENTURANÇAS.

O texto de Mateus 5.1-12 trata das “bem-aventuranças” (do grego: makarismós – “felicidade”, ou “felizes”). Elas constituem a base de uma espiritualidade interior plena. São grandiosas promessas de Jesus aos que decidirem servi-lo. Essas bem-aventuranças formam uma abençoada unidade. Assim como o fruto do Espírito (G1 5.22,23), apesar de composto (nove graças), ser único, as bem-aventuranças também seguem essa lógica divina. São distintas, porém unas. Cada uma delas descreve uma qualidade da espiritualidade interior com reflexos na exterioridade. Desenvolver uma ou outra, sem a completude, nos coloca em um perigoso desequilíbrio.

a) Um chamado para andar na direção oposta – Jesus pronuncia as bem-aventuranças para um povo que acalentava um sentimento de vingança contra Roma. Curiosamente, o Mestre propõe uma inversão: Ele chama essas bem-aventuranças de “felicidade dos infelizes”. O escritor Walter Kasper afirma que “os escritos sapienciais gregos e judaicos declaram bendito o homem que tem filhos obedientes, uma boa esposa, amigos fiéis, sucesso e assim por diante. Jesus, entretanto, fez uma interpretação contrária”. Ele chama de felizes os que, do ponto de vista do povo e da sapiência grega e judaica, eram infelizes. Jesus chama de felizes aqueles que, na exterioridade, não podem ser vistos como felizes. Mas, em sua interioridade são os mais felizes da face da terra.

b) A alegria de uma história pessoal digna de louvor – No versículo 12, Jesus diz: “Regozijai-vos e alegrai-vos, porque grande é o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós”. Jesus mostra aos discípulos a alegria que encara a história e afirma a segurança em Deus. Depois de mostrar aos discípulos circunstâncias dolorosas e promessas grandiosas, o Mestre os convida à alegria, ao gozo de uma história pessoal digna de louvor. Ele afirma que os que vivem esse contexto existencial das bem-aventuranças, desfrutam do legado dos profetas, tornam-se ecos históricos de vidas que amavam a Deus.

SERMÃO DO MONTE E A INTERIORIDADE

O Sermão do Monte é um discurso inigualável proferido por Jesus num lugar elevado para o norte e oeste do mar da Galiléia (Mt. 5-7). Ele trabalha com rara profundidade a questão da transformação do caráter, da revolução da interioridade. Originalmente, caráter significava “gravação”. O ato de gravar, deixar marcas, sinais indeléveis em determinados objetos, com o intuito de distinguir uns dos outros. Mais tarde, o caráter passou a ter significado moral. Assim, o caráter de um indivíduo tem qualidades marcantes que o diferenciam dos outros. Os fariseus trabalhavam toda sua teologia com base no exterior, porém Jesus lança na interioridade, nas dimensões mais íntimas do caráter.

a) Uma revolução de dentro para fora- Do ponto de vista de Jesus, o reino de Deus inicia-se por uma revolução interior, na qual o “eu” é destronado pela renúncia, a vontade própria é eliminada, e a vontade soberana de Deus, “assim como é feita nos céus” (Mt 6.10), se toma a nossa vontade, e o seu propósito sublime, se torna o grande objetivo de nossa vida, conferindo real sentido à nossa existência. Jesus apela para uma vida plena dentro da alma, do lado de dentro do ser, nos recônditos secretos de cada ser. Jesus abomina as teologias farisaicas das aparências (Mt 6.6,16; 7.1,21).

b) Fortificando a espiritualidade comunitária – A espiritualidade do secreto nos habilita para o exercício de uma espiritualidade verdadeira em público, sem o artifício das máscaras, mas com originalidade, autenticidade. Uma advertência precisa ser feita: se buscamos os lugares públicos porque não suportamos o quarto solitário, vamos permanecer solitários nos lugares públicos. Embora a espiritualidade do secreto seja excelente, carecemos da comunhão. A espiritualidade que não conduz à comunhão transforma o lugar secreto no lugar da morte.

c) Uma nova forma de viver – o Sermão do Monte nos convoca a unir em nossa experiência existencial a justiça que se manifestou no Sinai, temperada pela misericórdia que brilhou no Calvário. A purificação abrange a vida toda. Passamos a viver uma vida digna de ser chamada “cristã”. Vivemos abertos aos grandes sentimentos de Deus, às grandes realidades da graça. Mesmo em dias difíceis como os atuais, temos o desafio de “iluminar e salgar” (Mt 5.13-16), nos tomar os elementos diferenciadores da vida.

OS PERIGOS DA VISIBILIDADE

Charles Haddon Spurgeon, considerado “o príncipe dos pregadores”, em um sermão sobre a “figueira infrutífera” (Mt 21.18-22), disse que “o maior problema daquela figueira é que ela ocupava uma posição de destaque (Mt. 21.19), melhor seria para aquela figueira que tivesse nascido longe da estrada, na encosta de algum monte, mas nunca à beira do caminho, ao alcance da visão de Jesus”. A visibilidade estéril é a frustração de muitos ministérios. No Sermão do Monte, o Mestre faz questão de destruir qualquer vestígio de uma espiritualidade baseada na visibilidade.

a) A síndrome do sucesso: o mal do personalismo – Muitos são os que foram infectados pelo vírus do personalismo. Gente que promove uma espiritualidade marqueteira, mercantilizada, que vende a alma no banco diabólico do lucro. George MacDonald escreveu: “o homem falhará desgraçadamente em qualquer coisa que faça sem Deus, ou, mais desgraçadamente ainda, terá sucesso”.

b) A multidão e o indivíduo – Jesus gastou mais tempo com indivíduos do que com multidões. Hoje, muitos vivem numa busca obsessiva pelas multidões. Fázem de tudo para que seus nomes sejam lembrados nos encontros de multidões, mas quase nunca estão nos ajuntamentos de “dois ou três” (Mt. 18.20). O problema da multidão é que ela despersonaliza. Não se pode estabelecer um relacionamento íntimo com uma multidão, conseqüentemente, não podemos confiar na multidão. A mesma multidão que recebeu Jesus, em sua entrada triunfal em Jerusalém, ao som de “Hosana” (Mt 21.9), pediu Barrabás (Mt 27.20-25).

c) A guerra dos egos – O escritor clássico C. S. Lewis dizia que “o egoísmo é o estado mental completamente anti-Deus”. Uma interioridade transformada é aquela em que o ego é redimido, onde podemos viver a segurança da humildade. Muitos, em nome do ego, perdem sua paz de espírito, negociam sua integridade. Em nome do ego, um querubim virou demônio, igrejas promissoras perderam seu testemunho histórico. Púlpito não é palco, igreja não é mercado nem teatro. A verdadeira espiritualidade subjuga o ego lavando-o sempre no sangue do Cordeiro. Quando nosso ego é destronado, a graça flui, e quando as portas perigosas do ego se fecham, as maravilhosas portas da eternidade se abrem.

Conclusão

Somos abençoados quando a luz da visibilidade nâo nos cega, nem produz cegueira em quem nos olha. Quando podemos exaltar ao Senhor com nossas vidas, somos poesias divinas num mundo sem encanto. Com os corações inflamados pelo fogo que queima as impurezas, podemos livremente servir a Deus na história, gratos por sua misericórdia e dispostos a tornar Cristo conhecido através do exercício de uma espiritualidade plena.

 Autor: Pr Josias Moura

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Agir sem Pensar

Você sabia que o agora pode mudar sua vida para sempre? No entanto vale lembrar que as conseqüências boas ou más certamente virão.

Não é bom agir sem refletir; e o que se apressa com seus pés erra o caminho (Provérbios 19:2)”
Seria excelente se pudéssemos ter constantemente esse versículo em mente. Alguém já disse que a pessoa guiada por seus próprios sentimentos não merece confiança. Na verdade, o coração é enganoso e pode nos levar a tomar atitudes erradas. É preciso ter a consciência de que as atitudes de hoje podem marcar nossas vidas pra sempre

Troca Insensata Havia uma prática em Israel, relatada no Antigo Testamento, que era a bênção da “primogenitura”. Assim, antes de morrer o pai proferia sobre o filho mais velho bênçãos especiais, que o privilegiavam em relação aos seus irmãos. O primogênito assumia primazia da família e recebia uma porção dupla da herança.
Você acredita que alguém poderia abrir mão dessa bênção por causa de um prato de comida? Pois foi o que aconteceu com Esaú. Um dia, ao chegar em casa com muita fome, Jacó, seu irmão mais novo, havia feito uma gostosa comida. Quando Esaú pediu-lhe um prato de cozido, Jacó “muito esperto” disse que lhe daria a comida sim, mas Esaú lhe daria em troca o seu “direito de primogenitura”.
Esaú não pensou duas vezes. Impulsionado pela fome, trocou sua bênção pelo prato de comida. Pronto. Ele não podia mais voltar atrás. Mais tarde ele chorou amargamente, mas não havia mais o que fazer. Jacó havia conquistado o seu privilégio.

“O sábio teme e desvia-se do mal, mas o tolo é arrogante e dá-se por seguro (Provérbios 14:16)”

Brincando com fogo Por impulso, as pessoas são levadas a mentir, tornam-se agressivas, experimentam drogas, traem a pessoa amada, caem na ilusão da “prova de amor” indo para um motel, abandonam a fé... São muitas as atitudes tomadas hoje sem pensar no amanhã.


“ Como cidade derrubada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito” (Provérbios 25:28).

Nem sempre é fácil controlar os tais impulsos. O conselho do rei Salomão é:

“ Pondera a vereda dos teus pés e serão seguros todos os teus caminhos” (Provérbios 4: 26).

O cristão, como templo do Espírito Santo, pode e deve depender do Senhor para tomar decisões, para controlar o seu ímpeto.
A Bíblia diz que há caminho que ao homem parece ser bom, mas seu fim é a morte. Aquilo que produz satisfação pode se transformar em desgosto, tristeza, vergonha e arrependimento. Para alguém saber que o fogo queima não é necessário colocar a mão numa chama. Você não precisa viver se machucando para descobrir que precisa buscar orientação divina.
Tenha boas amizades. Procure viver em comunhão com Deus e faça as seguintes perguntas quando estiver diante de uma situação que lhe seduz:

Se Jesus estivesse fisicamente ao meu lado eu faria o que estou sentindo desejo de fazer?
Eu posso contar para os meus pais o que estou pretendendo fazer?
Se a resposta a essas duas perguntas for negativa, pare, não faça, fuja! Com certeza, não será bom para você ir em frente.

Autora: Zuleica Messias

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Perdão Divino versus Vingança Humana

Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.


1 João 1.8,9. O Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou a orar em Mateus 6.12 assim: perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores. Ou: perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. Isto significa que nós, mesmo justificados, somos devedores, ofensores e pecadores. Ainda que os justificados nunca poderão (jamais!) cair do estado de justificação, pecam. O nosso Deus Santo abomina o pecado, mas continua a perdoar os pecados daqueles que são justificados. E mais: ainda que um justificado não caia da sua justificação – porque nunca existiu um “desjustificado” na história -, ele poderá cair, com certeza, no desprazer do Pai. Como Deus é um Pai amoroso, naturalmente disciplina, corrige, instrui e consola. Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Esta passagem em Oséias 6:1 exemplifica bem como Deus trata o seu povo. Em outras palavras o povo de Israel estava dizendo: —Venham, voltemos todos para Deus, o SENHOR. Ele nos feriu, mas com certeza vai nos curar; ele nos castigou, mas certamente nos perdoará. Este é o amor paternal de Deus.

A Confissão de Westminster, capítulo XI, seção V, Da Justificação, expõe: Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair do estado de justificação, poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus e ficar privados da luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão e renovem a sua fé e o seu arrependimento. Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc. 22:32; João 10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.

Por mais que venhamos a agir – e muitas vezes agimos – como ímpios, Deus não nos trata como um juiz cheio de ira, mas como um Pai. Todo aquele que é justificado é tratado como filho; há um pacto eterno inquebrável. É uma nova relação. Porém, quando Deus chama seus filhos rebeldes para uma conversa de “Pai para filhos”, sai de baixo que vem castigo paternal. Não se trata aqui de uma disciplina de um Pai tirano e carrasco, mas de um Pai amoroso que quer corrigir os erros dos Seus e restabelecer Sua graça.

Como não há filho pecador que não retorne arrependido ao Pai (tendo fé em Cristo). O Pai bondoso que está nos Céus, com o Seu olhar perdoador, sempre inclina os Seus a voltar-se para Ele, continuamente, depois de cada deslize, para encontrar perdão. Embora, Sua mão seja pesada, Ele nos diz: se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniqüidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Sl 89.31-33.

Se você se encontra como filho à beira da disciplina paternal, humilhe-se, confesse o seu pecado, abandone o erro, peça perdão e levante-se para um novo dia de fé e arrependimento. Deus nos perdoa continuamente, por isso nós O tememos.

A expressão “olho por olho, dente por dente”, tornou-se proverbial. Ela é conhecida pelo o nome de Lei de Talião. Poucos são aqueles que sabem que ela provém da Bíblia, mais especificamente do livro de Êxodo, capítulo 21, versículo 24. Esta passagem faz parte das leis sobre agressão, leis através das quais, sentenças, julgamentos, condenações e absolvições são prescritos em função da natureza ou gravidade do ato cometido. Mas leiamos juntos, se vocês desejarem, a passagem em questão: “Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem. Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe”. Notemos, primeiramente, que a vítima que esta lei procura compensar é a mulher grávida e a criança, ou as crianças que ela carrega em seu ventre. A Bíblia, portanto, leva a sério a proteção das mulheres na sociedade, ao contrário do que comumente se alega. Não se pode impunemente ferir uma mulher grávida. A lei em questão prescreve a pena devida ao culpado, e fazendo assim ela também opera de maneira dissuasiva.

Se há ferimento, o culpado deve esperar receber o mesmo golpe infligido àquela mulher. Pode parecer, a priori, estranho que uma lei do Antigo Testamento contemple um caso como este, a saber, um golpe, talvez até involuntariamente, sobre uma mulher grávida, durante uma disputa violenta entre dois homens. Compreenderemos melhor a necessidade de tal lei, se levarmos em conta a possibilidade de a mulher querer se interpor entre os dois homens para os separar. Mas, vocês me perguntariam, se trata de uma vingança prescrita pela Bíblia e por Aquele que inspirou as palavras? De maneira nenhuma. No capítulo 19 do livro de Levítico, que segue o livro de Êxodo no Antigo Testamento, nós lemos nos versos 17 e 18: “Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. As leis do Antigo Testamento sobre golpes e ferimentos, ou mesmo assassinatos, foram instituídas para que a justiça seja feita, sem que a gravidade dos feitos seja encoberta ou diminuída, mas também sem que nenhum excesso de ódio ou de vingança substitua uma justiça equilibrada. Ninguém podia tomar um braço, ou mesmo a vida do culpado, se este tinha feito alguém perder um olho ou um dente. Um princípio de proporcionalidade ou de equivalência na sentença devia prevalecer sobre toda a emoção, todo o sentimento de ódio. Visava também impedir que qualquer rancor fosse mantido.

Neste aspecto, a lei e sua observância testemunhavam da presença de Deus no meio de seu povo. Foi ele que, tendo dado Sua Lei por Moisés, prescreveu a norma do que é justo e equânime, a fim de evitar todo excesso. Como dissemos, este princípio de proporcionalidade na sentença, era também suficientemente dissuasivo. Notem, igualmente, que no caso de uma indenização contra o autor do golpe sobre a mulher grávida, golpe este que teria provocado o parto prematuro sem danos maiores, o valor da indenização era proposto pelo marido da mulher; mas um terceiro partido independente, constituído por juízes, deveria intervir para avaliar se o valor da indenização era justo. De fato, em sua cólera ou sua emoção, talvez mesmo por cobiça de um ganho não esperado, o marido poderia reclamar uma soma elevada demais. Assim, o princípio de proporcionalidade procurava evitar tanto quanto uma punição desproporcional, como uma pena que esquecesse a vítima e se ocupasse antes de tudo de poupar o culpado do dano. Um outro exemplo muito explícito deste princípio nos é dado no livro de Deuteronômio, capítulo 19, versos 16 a 21. Esta passagem retoma o princípio de Talião tal como acabamos de ver no nosso primeiro exemplo: “Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para o acusar de algum transvio, então, os dois homens que tiverem a demanda se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. Os juízes indagarão bem; se a testemunha for falsa e tiver testemunhado falsamente contra seu irmão, far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, exterminarás o mal do meio de ti; para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer semelhante mal no meio de ti. Não o olharás com piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”.

Encontramos aqui, novamente, o princípio de proporcionalidade, aquele da pena merecida pelo culpado – pena não somente pronunciada, mas também aplicada -, o valor dissuasivo da pena e os efeitos positivos no conjunto da sociedade; o mal na sociedade é extirpado. Notamos também a insistência sobre a seriedade no inquérito a ser investigado pelos juízes em serviço.

Estes exemplos podem servir de norma para a sociedade de hoje? Podemos atribuir-lhes algum valor, num mundo que parece tão diferente daquele do Antigo Testamento? Nossa sensibilidade não se adapta mais a castigos corporais, ainda mais que vemos certas sociedades muçulmanas aplicar da maneira mais bárbara, amputações de mãos e de pés para punir pequenos furtos. Em alguns países do Islam, não é raro ver mulheres brutalmente lapidadas porque tiveram a infelicidade de mostrar acidentalmente um centímetro quadrado de sua pele. Aqui, não se busca a proteção da mulher, mas sua opressão sob as formas mais extremas. Mas, amigos ouvintes, voltando ao Antigo Testamento, um cristão que lê a Bíblia seriamente sabe que, definitivamente, ele não pode interpretar corretamente o Antigo Testamento, a menos que leve em conta a luz trazida pelo Novo Testamento e pela pessoa de Jesus Cristo, aquele que, segundo seu próprio testemunho, é “a luz do mundo” (João 9:5). Ora, lemos no evangelho segundo Mateus, (cap. 5 versos 38 a 41) que Jesus Cristo declara: “Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Que novo princípio Jesus Cristo ensina aqui a seus discípulos? Alguém poderia pensar, a priori – Ele está rejeitando todo o ensino do Antigo Testamento? No entanto, tal não é o caso. Primeiro, porque Jesus põe ênfase sobre a atitude pessoal do que foi lesado, e não sobre o sistema judiciário em si e sua validade. A questão aqui é a reação pessoal manifestada pela pessoa lesada em relação à pessoa que provocou o mal. Contra aqueles que não veriam mais do que a aplicação estrita da pena prescrita, endurecendo-se em um legalismo estreito, Jesus ensina a mansidão, a recusa à vingança, o perdão das ofensas. De fato, ele revela um aspecto que, como vimos, é belo e está contido na Lei: a recusa à vingança, o amor ao próximo. Jesus revela este aspecto porque mesmo que ele fale tão claramente e com sua autoridade divina, a plenitude deste princípio está ainda velada aos homens pecadores.

De fato, a aplicação estrita do princípio de proporcionalidade segundo a lei mosaica, não significa em si mesma que se viva uma relação harmoniosa com o Deus da Graça. Este princípio de proporcionalidade está bem estabelecido por Deus, mas ele não implica absolutamente em uma pureza automática do coração e das intenções daqueles que o aplicam. Ora, importa aqui sublinhar que Jesus Cristo pode proferir as palavras que lemos no evangelho segundo Mateus, porque Ele é a manifestação da Graça divina por excelência, a expressão da magnanimidade de Deus que tem perdoado o pecador, e não tem levado em conta seus pecados. Segundo a Bíblia, de fato todo o homem ou toda a mulher se acha em estado de desobediência para com Deus, e por isso merece a morte. Para deixar bem claro este ensino fundamental da Bíblia, leiamos juntos uma passagem crucial na carta do apóstolo Paulo aos Romanos, capítulo 3, versos 23 a 26: “pois todos pecaram e estão privados da gloriosa presença de Deus, sendo justificados gratuitamente , por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar da sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, e para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”. Note bem, esta magnanimidade de Deus manifestou-se principalmente no sacrifício de Jesus Cristo sobre a cruz, segundo o princípio de proporcionalidade da pena.

Relembre as palavras de Deuteronômio: “Vida por vida”. É unicamente porque Cristo dá sua vida por aqueles que Deus comprou, que estão isentos desta pena. Mas alguém pagou o resgate, alguém sofreu a pena, “vida por vida”: e este alguém é Deus mesmo, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo. Eis aqui a expressão mais perfeita da magnanimidade de Deus, da misericórdia divina. É por ser o portador dessa misericórdia divina em si mesmo, que Jesus Cristo detém a autoridade para falar como está registrado no evangelho segundo Mateus. Ele chama aqueles que querem ser seus discípulos a exercerem uma magnanimidade semelhante àquele que ele demonstrará ao longo de todo o seu ministério, e mais particularmente no momento da entrega total de Sua pessoa sobre a Cruz do Gólgota. Porque sobre a Cruz, Deus perdoou na pessoa de Jesus Cristo, aquele cujos inimigos dividiram sua túnica; aquele que antes não tinha respondido às injúrias, bofetadas, golpes; aquele que jamais desobedeceu à Lei que manda amar a Deus e seu próximo. Ele, portanto, cumpriu esta Lei em seus atos por toda a sua vida. Mas ao oferecer esta mesma vida sobre a Cruz, ele cumpriu a Lei de uma maneira suplementar: ela exigia a vida de cada pecador, e exprimia esta exigência requerendo os sacrifícios rituais de animais, símbolos da vida exigida em pagamento do pecado. Cristo pagou uma vez por todas o resgate exigido, não de maneira simbólica, mas de maneira real, total e definitiva. Podemos, então, compreender com a maior clareza as palavras de Jesus registradas pelo evangelista Mateus no mesmo capítulo 5 que lemos há pouco algumas frases:

“Não penseis que eu vim abolir a lei ou os profetas. Eu vim não para abolir, mas para cumprir”. Revelando assim seu amor por seu povo, Deus mostra a extensão de sua magnanimidade, e ensina a seus filhos comprados, a lhe imitarem. Ele lhes ensina a compreender uma dimensão que nenhum humano pôde perceber antes: amor e justiça, proporção na pena e perdão, misericórdia e castigo, são possíveis no plano divino sem se excluírem mutuamente. Eles encontraram sua expressão perfeita na pessoa e obra de Jesus Cristo.

Quando de nossa próxima transmissão, nós refletiremos juntos sobre as implicações para a sociedade e para nossa conduta pessoal do ensino de Jesus sobre a misericórdia e a justiça.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Obediência no Falar



Na Bíblia, nossa língua é chamada de “mundo de iniqüidade... que contamina o corpo inteiro... Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus” (Tg 3.6,9).


Na Palavra de Deus encontramos diversas instruções e exortações em relação ao uso da língua. Por exemplo: “Desvia de ti a falsidade da boca e afasta de ti a perversidade dos lábios” (Pv 4.24). Uma tradução livre do texto seria: “Não permitas que tua boca fale qualquer inverdade; que teus lábios pronunciem difamação ou engano”. Tudo o que é inverdade, tudo o que torce a verdade e tudo o que engana é mentira. O mais difícil para nós realmente é obedecer com a língua, não é mesmo? Uma pesquisa entre jovens alemães a partir de 14 anos revelou que as pessoas engendram alguma mentira a cada oito minutos: “São aproximadamente 200 inverdades durante o dia” (Topic, 4/2002).

A Bíblia declara com muita propriedade: “a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim” (Tg 3.8-10).

Uma história ilustra todo o poder do que falamos ou deixamos de falar:

Um homem riquíssimo tinha convidado muitas pessoas para uma festa. Encarregou seu cozinheiro-chefe de comprar os melhores alimentos. Este foi ao mercado e comprou línguas – somente línguas e nada mais. Apresentou-as como primeiro prato, segundo prato, etc., servindo somente línguas aos hóspedes. Os convivas elogiaram a composição da refeição e a idéia original do cozinheiro. Mas, aos poucos começaram a ficar saturados de tanto comer línguas. O anfitrião se irritou e mandou chamar o cozinheiro: “Não mandei que você comprasse o que há de melhor no comércio?” Ele respondeu: “Existe algo melhor do que língua? Ela é o vínculo na vida social, a chave para todas as ciências, o órgão que proclama a verdade e a razão. Graças ao poder da língua, edificam-se cidades e as pessoas se tornam letradas e cultas”. “É verdade”, concordou o dono da casa. E mais uma vez encarregou o cozinheiro de preparar outro banquete para o dia seguinte, com a ressalva de comprar o que de pior houvesse na feira. Novamente este comprou línguas, somente línguas. Preparou-as das mais variadas maneiras para o banquete. Já que os convidados eram os mesmos, enojaram-se rapidamente do cardápio. O anfitrião sentiu-se ridicularizado e envergonhado, e gritou com seu chefe de cozinha: “Não mandei que você preparasse o que há de mais ruim? O que você está pensando? Por que serviu línguas outra vez?” Ele respondeu: “A língua também é o que há de pior no mundo, a mãe de todas as contendas e discórdias, a fonte de todos os processos judiciais, das diferenças de opinião e o instrumento que incita à guerra e à destruição. Ela é o órgão que propaga enganos e difamações. Pessoas são levadas ao mal, cidades são destruídas e vidas são aniquiladas pelo poder da língua”.

O perigo de uma língua sem freios

Uma língua que não está sob o domínio do Espírito Santo anula qualquer ministério espiritual: “Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã” (Tg 1.26). Como ilustração, vejamos mais um relato:

Um senhor idoso foi solicitado a conversar com um jovem de sua comunidade que havia roubado a seu chefe e estava na prisão. “Parece que eu o conheço de algum lugar”, disse o homem ao jovem, “você não me é estranho”. “Com certeza”, respondeu o prisioneiro, “já faz mais de dez anos, mas parece que foi ontem, pois lembro-me claramente de nosso encontro. O senhor é o culpado de eu me encontrar nesta prisão”. – “Mas como?”, surpreendeu-se o visitante. “Em toda a minha vida não lhe fiz mal algum!” – “Não propositalmente; mas certa vez eu vinha com meu pai de uma evangelização, quando encontramos o senhor no caminho. Meu coração estava profundamente tocado pela pregação que ouvira e eu queria voltar para derramá-lo diante do evangelista. Mas aí ouvi o senhor ridicularizando o pregador, dizendo que ele era inculto e não sabia pregar direito. Essas palavras despertaram em mim um desprezo pela pregação que acabara de ouvir, e a partir de então parei de buscar a salvação de minha alma. Comecei a andar em más companhias e hoje estou aqui na prisão”.

Certa vez o Senhor Jesus disse que os homens prestarão contas de qualquer palavra frívola que tiverem falado (Mt 12.36). Portanto, tudo o que falamos fica registrado no céu.

Tudo é revelado na luz da glória de Deus

Quando o profeta Isaías viu a glória de Deus, ficou imediatamente consciente de seus lábios impuros: “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.1,5).

O rei Davi também sabia o mal que pode ser causado por palavras ditas impensadamente. Por isso, orou: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios. Não permitas que meu coração se incline para o mal...” (Sl 141.3-4). A Bíblia Viva diz: “Ó Senhor, ajuda-me a tomar cuidado com o que falo; ajuda-me a não falar o que não te agrada. Não permitas que o meu coração seja atraído para o pecado...”

Por que alguém mente? Porque há falsidade em seu coração: “Vou descrever para vocês um homem vazio, inútil, um homem que não presta para nada. Suas palavras são mentirosas... Seu coração está cheio de maldade...” (Pv 6.12,14, A Bíblia Viva).

Áreas perigosas – onde devemos vigiar nossa língua
Existem três áreas potencialmente perigosas em relação ao nosso falar:

1. A mentira

No Antigo Testamento Deus já alertou: “Não furtareis, nem mentireis...” (Lv 19.11). E no Novo Testamento somos exortados: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef 4.25). Em outras palavras: ninguém pode passar por cima da mentira; ela é séria demais e sempre deve ser exposta à luz. Uma meia-verdade é uma mentira completa.

No Apocalipse há menção específica de que os mentirosos não entrarão no reino dos céus e acabarão no lago que arde com fogo e enxofre (Ap 21.8,27).

2. Calúnia e difamação

É muito fácil acabar com a reputação de alguém falando apenas algumas poucas palavras. É por essa razão que a calúnia e a difamação devem ser levadas muito a sério, pois fazem parte das piores atitudes nos relacionamentos humanos. Lemos no Salmo 15.1-4: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que jura com dano próprio e não se retrata”.

3. Exagerar ou minimizar os fatos

Exageramos com facilidade quando se trata de nossas boas ações, mas quando contamos alguma coisa boa acerca de alguém, tendemos a diminuir suas qualidades. Foi o que levou o salmista a orar: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios. Não permitas que meu coração se incline para o mal, para a prática da perversidade na companhia de homens que são malfeitores...” (Sl 141.3-4).

Um menino disse a seu pai: “Papai! Papai! Eu vi um cachorro do tamanho de um elefante!” O pai retrucou: “Já avisei milhões de vezes que você iria apanhar se continuasse exagerando tanto!”

Exagero ou minimização devem ser equilibrados como os pratos das antigas balanças: o ponto certo é alcançado quando os ponteiros estão na mesma altura.

Confessando a culpa e recebendo perdão

Depois da conquista da cidade de Jericó, Acã tomou para si despojos proibidos, e todo o povo de Israel caiu em desgraça. Mais tarde esse pecado veio à luz, e mesmo que o culpado já tivesse sido revelado, Josué disse a Acã: “Filho meu, dá glória ao Senhor, Deus de Israel, e a ele rende louvores; e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (Js 7.19). Acã respondeu: “Verdadeiramente, pequei contra o Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim” (v.20). Então, segundo a Lei, Acã teve de morrer.

Hoje ninguém é condenado à morte por ter mentido, caluniado, difamado, exagerado ou minimizado os fatos. A graça de Jesus está acima da Lei. Mas o pecado somente será perdoado quando for confessado: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1.9).
|  Autor: Norbert Lieth

terça-feira, 4 de junho de 2013

A Unção Que Permanece


“Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. (…) Estas coisas vos escrevo a respeito daqueles que vos querem enganar. E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei. E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.” (I João 2:20,26-28)

       Temos aqui mais um conceito vindo do Velho Testamento que é repetidamente mencionado nas igrejas nos últimos dias: a unção. O que significava a unção no Velho Testamento? E o que significa para nós, na Nova Aliança?
       No Velho Testamento, a unção era um mandamento aplicado em três casos, como veremos (há um quarto caso, mas é tão particular que deixarei de lado por agora — ainda que se aplique de igual modo no contexto do Novo Testamento). O primeiro caso era uma unção com óleo aromático especialmente preparado, e sua finalidade primeira era a consagração de um sacerdote:
 
“Depois tomarás as vestes, e vestirás a Arão da túnica e do manto do éfode, e do éfode mesmo, e do peitoral, e lhe cingirás o éfode com o seu cinto de obra esmerada; e pôr-lhe-ás a mitra na cabeça; e sobre a mitra porás a coroa de santidade; então tomarás o óleo da unção e, derramando-lho sobre a cabeça, o ungirás. Depois farás chegar seus filhos, e lhes farás vestir túnicas, e os cingirás com cintos, a Arão e a seus filhos, e lhes atarás as tiaras. Por estatuto perpétuo eles terão o sacerdócio; consagrarás, pois, a Arão e a seus filhos.” (Êxodo 29:5-9)
 
       No mesmo texto temos a segunda unção, feita com o mesmo óleo e o sangue de um carneiro sem defeito, para santificação dos mesmos sacerdotes:
 
“Depois tomarás o outro carneiro, e Arão e seus filhos porão as mãos sobre a cabeça dele; e imolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Arão e sobre a ponta da orelha direita de seus filhos, como também sobre o dedo polegar da sua mão direita e sobre o dedo polegar do seu pé direito; e espargirás o sangue sobre o altar ao redor. Então tomarás do sangue que estará sobre o altar, e do óleo da unção, e os espargirás sobre Arão e sobre as suas vestes, e sobre seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; assim ele será santificado e as suas vestes, também seus filhos e as vestes de seus filhos com ele.” (Êxodo 29:19-21)
 
       Os homens assim ungidos não podiam sair mais da tenda da revelação, sob pena de morrerem — eles eram, assim, totalmente consagrados e separados para o ministério:
 
“E não saireis da porta da tenda da revelação, para que não morrais; porque está sobre vós o óleo da unção do Senhor. E eles fizeram conforme a palavra de Moisés.” (Levítico 10:7)
 
       Havia ainda uma terceira unção possível, feita com azeite, para confirmação de um rei:
 
“Disse Samuel a Saul: Enviou-me o Senhor a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora as palavras do Senhor.” (I Samuel 15:1)
 
       Assim, temos a unção em três casos possíveis: na consagração dos sacerdotes, na santificação destes, e na confirmação de um rei.
       Mas o próprio Velho Testamento nos dá um vislumbre da unção do novo, quando um homem segundo o coração de Deus é ungido rei:
 
“Então Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi. Depois Samuel se levantou, e foi para Ramá.” (I Samuel 16:13)
 
       Vemos então cumprirem-se em Cristo, a raiz de Davi, o Ungido de Deus (pois Cristo significa ungido), as três unções do Velho Testamento — pois ele foi consagrado a Deus, e santificado como sacerdote, ainda que segundo a ordem de Melquisedeque; e não o foi com óleo e sangue de carneiros, mas com o Espírito Santo, e com seu próprio sangue. Da mesma forma, ele foi ungido Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, não com qualquer azeite, mas com o poder do Espírito Santo, que o ressuscitou dentre os mortos.
 
“Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.” (Lucas 4:17-21)
 “…concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele.” (Atos 10:38)

       Assim, Cristo cumpriu em si toda a lei quanto à unção, para ser capaz de nos prover com um sacrifício eterno, com um perfeito sacerdócio, e com a unção que permanece; uma unção que não somente nos consagra e santifica, mas que nos capacita a sermos reis e sacerdotes para com Deus, através da vida de Cristo em nós; e essa unção é o outro Consolador, o Espírito Santo, no qual o Senhor Jesus foi ungido rei e sacerdote, e no qual somos ungidos, de igual forma, reis e sacerdotes, para glória de Deus. Assim, não temos necessidade de mais nenhuma unção, de nenhuma forma, senão como símbolo do que o Senhor já fez em nós; Deus não nos dará uma nova unção, como também não proverá para si mesmo um novo sacrifício, ou um novo sacerdote; se encontramos o sacrifício perfeito em Cristo, e nele também o sacerdócio eterno, nele, o primeiro Consolador, encontraremos a unção que permanece, na pessoa do Espírito Santo, que ele mesmo enviou para habitar em nós.
 
“Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus, o qual também nos selou e nos deu como penhor o Espírito em nossos corações.” (II Coríntios 1:21-22)
 
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que outrora nem éreis povo, e agora sois de Deus; vós que não tínheis alcançado misericórdia, e agora a tendes alcançado.” (I Pedro 2:9-10)